A ressonância magnética mostra ligações entre a função muscular do pescoço e dores de cabeça comuns

A ressonância magnética quantitativa revela como os músculos do pescoço estão envolvidos nas dores de cabeça primárias, de acordo com uma pesquisa apresentada hoje na reunião anual da RSNA de 2023. Em sua palestra, Nico Sollmann, MD, PhD, do University Hospital Ulm e do University Hospital Rechts der Isar, na Alemanha, apresentou descobertas que sugerem que valores aumentados de T2 dos músculos trapézios poderiam ser um biomarcador de imagem objetivo para envolvimento miofascial em cefaleias primárias. Ele disse que isso poderia ajudar a melhorar a fenotipagem do paciente e a avaliação da terapia.

A cefaleia do tipo tensional é a cefaleia primária mais prevalente, à qual a dor no pescoço está ligada. No entanto, Sollmann disse que não existem biomarcadores objetivos para o envolvimento miofascial nas dores de cabeça primárias. A dor miofascial está ligada à inflamação ou irritação do músculo ou do tecido conjuntivo, conhecido como fáscia, que envolve o músculo. Os pesquisadores queriam estudar como os músculos trapézios estão envolvidos nas dores de cabeça primárias, usando ressonância magnética quantitativa. Eles também queriam explorar possíveis ligações entre os valores de T2 muscular e a frequência de dor de cabeça e dor no pescoço.

Em seu estudo prospectivo, a equipe incluiu 50 participantes. Destes, 16 apresentavam cefaleia do tipo tensional e 12 apresentavam cefaleia do tipo tensional mais episódios de enxaqueca. Os grupos foram pareados com 22 controles saudáveis. Os participantes do estudo foram submetidos a ressonância magnética 3D turbo spin-echo e a partir daí os músculos trapézios bilaterais foram segmentados manualmente, seguido da extração do músculo T2. Os pesquisadores analisaram os seguintes dados: associações entre os valores de T2 muscular e a presença de dor cervical, número de dias com dor de cabeça e número de pontos-gatilho miofasciais determinados pela palpação manual dos músculos trapézios. Eles descobriram que o grupo com dor de cabeça mais enxaqueca apresentou os maiores valores de T2 muscular em comparação ao grupo apenas com dor de cabeça (p < 0,001) ou ao grupo controle saudável (p < 0,001). Para o grupo com enxaqueca, foram incluídos valores de 31,4 ms para os lados direito e esquerdo do músculo.

A equipe também relatou ligações significativas entre o músculo T2 com o número de dias de dor de cabeça (coeficiente β, 2,04; p = 0,04) e a presença de dor cervical (odds ratio, 2,26; p = 0,04). Também descobriu que a área sob a curva para diferenciar entre controles saudáveis ​​e o grupo com enxaqueca foi de 0,82, usando o músculo T2 como preditor. Finalmente, os pesquisadores não relataram nenhuma associação estatisticamente significativa entre o músculo T2 e o número de pontos-gatilho miofasciais dos músculos trapézios. Sollmann disse que estes resultados apoiam o papel dos músculos do pescoço na fisiopatologia das dores de cabeça primárias. Ele acrescentou que os tratamentos focados nos músculos do pescoço podem levar ao alívio da dor no pescoço e da dor de cabeça. “Nossa abordagem de imagem com fornecimento de um biomarcador objetivo poderia facilitar o monitoramento da terapia e a seleção de pacientes para determinados tratamentos em um futuro próximo”, disse ele.

Imagem: As segmentações do músculo trapézio mostram (A) máscaras de segmentação dos músculos trapézios bilaterais (áreas vermelhas) em uma mulher de 25 anos e (B) em um homem de 24 anos. Imagens e legenda cortesia da RSNA.

Fonte: https://www.auntminnie.com/resources/conference/rsna/2023/article/15658841/mri-shows-ties-between-neck-muscle-function-common-headaches?lid=5eh7n81ln1q7&braze_int_id=64e760923e00fe000164e7c3&braze_ext_id=643033e619ef38833c6305f5